domingo, 26 de abril de 2009

A propósito de liberdade...



Vamos lá brindar ao 25 de Abril com uma tacinha envenenada.
Quero lá saber que me chamem retrógrada, fascista, extremista, inculta, déspota e qualquer outro adjectivo que geralmente usam para qualificar alguém que tenha ideias um pouco diferentes e que não seja filha de ninguém que tenha andado na revolução dos cravos.
E que tal fazermos as contas?
Todos achamos que foi muito bom o que se passou no dia 25 de Abril de 1974 mas esquecemo-nos que a liberdade era precisa, sim, mas não esta libertinagem em que vivemos hoje em dia e que resultou dessa mudança tão desejada.
Veremos o que tínhamos antes da revolução:
Dantes, podíamos sair à rua às tantas da manhã sem termos medo de sermos assaltados. Imaginemo-nos em pleno centro de Lisboa, podermos sair sem nos preocuparmos que um gatuno qualquer nos roube, viole, mate, atire ao rio, subtraia um rim e outros que tais que nem vale a pena pensar. Antigamente, deixava-se a porta aberta e não havia medo de que ninguém indesejado entrasse, a não ser um ou outro vizinho mais aborrecido.
Noutros tempos, tínhamos umas colónias. E por mais que todos quisessem a independência das mesmas, mesmo os portugueses que lá moravam, ninguém quis que as abandonassem. Nasceu o medo e muitos portugueses morreram ou perderam toda a sua vida, que para muitos deu no mesmo, sobre o olhar imperturbado de governantes inexperientes e incapazes, sedentos de uma anarquia e desregramento.
Antes dessa data miraculosa, os professores podiam dar aulas descansados que ninguém lhes ia bater. Salvo alguns casos de abuso de poder, uma reguada de vez em quando, não fazia mal nenhum. Seria melhor do que estarem numa sala de aula em que quem manda é o mal comportado, o destabilizador, ou antes, tentem cerca de vinte numa turma, pois hoje em dia o bobo da corte, afinal, não é só um, são vários e agressivos.
Ah, e hoje não é obrigatório ir à tropa… Pois por isso é que vemos homens ou amostras deles tão mariquinhas. Ai que me dói a cabeça, ai que me dói a barriga, ali é muito longe, está a chover não posso ir, isto é muito pesado, a comida sabe mal, fiquei mal disposto, o jantar caiu-me mal, ainda nem fiz a digestão, tenho bolhas nos pés, tenho muito sono, estou muito cansado. Mas estas expressões deviam existir no masculino? E sabem o que me dá só de pensar nisto? Muito medo… porque se quisesse uma pessoa assim escolhia uma mulher!
Antigamente, era difícil entrar na Universidade. Ou se era abastado ou se obtinha bons resultados de modo a conseguir uma bolsa de estudo. E estaria isto assim tão errado? Não podemos ser todos doutores… já vimos que não, ou ainda não se deram conta disso? Será melhor fazer o curso inteiro com medo de acabar e no fim ter gasto o dinheiro em vão? E que tal investir em cursos profissionais para profissões tão necessárias e nas quais, se calhar, precisávamos de alguém mais capaz do que quem, nem no meio destes facilitismos todos, tirou o 9º ou 12º ano de escolaridade? E que, se calhar, se tivéssemos alguém competente a desempenhá-las, não nos importávamos de pagar um pouco mais para um trabalho bem feito?
E podia continuar por aqui o dia inteiro… mas convido-vos, a quem tiver paciência, a rever o texto e a encontrar em cada parágrafo a palavra “medo”. Existe muito medo, hoje em dia. E foi para se livrarem de um medo de outros tempos que fizeram a tal revolução. Mas para quem vive verdadeiramente em sociedade, aceita as regras e as cumpre, terá mais medo hoje, do que dantes. Uma revolução era precisa. Mas não uma rebaldaria como foi o 25 de Abril. Mas o meio-termo parece não existir em lado nenhum. E se calhar nem devia ter escrito este texto. Escrevo uma utopia que jamais existirá.



1 comentário:

  1. Pois, debato-me com estes mesmos problemas sempre que peso os pós e os contras.
    Começando pelo início, para variar: O fim da ditadura era necessário. As colónias precisavam de um governo independente, eleito democraticamente pelo seu próprio povo.
    Nas palavras de Benjamin Franklin "Any society that is willing to give some liberty to gain some security, deserves neither and will lose both".
    Agora, sem dúvida que algo que tinha tanto potencial, foi praticamente esturpado. Muitos aspectos da nossa sociedade que eram positivos perderam-se e não voltarão. Para o bem ou para o melhor, a sociedade mudou. Nem sequer vou falar das colónias. Os homens estão mais maricas? As mulheres estão mais "oferecidas"? A sociedade está mais perigosa, preenchida de gente "formada"? É como um novo governo que herda uma situação complicada dos seus predecessores. Herdámos este país, agora, cabe-nos a nós, seus membros, fazer o melhor que pudermos com a situação. Faço por ser um bom cidadão, boa pessoa e no geral, alguém de que me orgulhe. Não digo para todos o fazer, porque também não acredito em utopias, mas se alguns de nós o fizerem, pode ser que o ambiente mude um pouco... :) Como disse a nossa querida M, se não baixarmos os braços...

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